O suicídio cresce entre os jovens em todo o mundo. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), ele é a segunda maior causa de mortes em pessoas entre 15 e 29 anos, antecede acidentes de trânsito, seguido do HIV e violência. Ainda que complexo, ele pode e deve ser prevenido. É o que explica o psicólogo Leonardo Martins.
Leonardo aponta que o aumento alarmante do comportamento entre adolescentes, além de doenças psicológicas, pode ser atribuído a diminuição dos contatos sociais, e com mais intensidade a desestruturação dos núcleos familiares.
O profissional enfatiza a importância do diálogo como forma de prevenção. “Os pais podem perceber algo através do diálogo, não só através do comportamento. Embora a adolescência seja um período conturbado, algumas vezes é parte da fase, mas outras não. Para diferenciar, é necessário dialogar com o filho, saber como ele está na escola, o que se passa”.
Ele alerta sobre a força que o bullying tem no Brasil, orientando os pais a serem participativos e acessíveis, já que muitos jovens pensam que não tem a quem recorrer, e o ensino público e privado, muitas vezes, não estão preparados para lidar com a situação.
Abordando a temática na infância, o profissional diz que é possível que uma criança pense em atentar contra a vida, mas que depende da idade, já que ela pode não ter noção exata da morte. “Algumas crianças podem achar que podem morrer e voltar, achar que a morte é abstrata. Vai depender do contexto cultural em que está inserido”.
Leonardo descreve as três fases do comportamento suicida: "a ideação, o planejamento e a execução". Desde o primeiro momento, é importante que a pessoa ou familiar procure ajuda. Ele aponta que a liberdade na internet, com diversos grupos de pessoas com esse perfil, ou até mesmo ideias de como passar para a terceira fase, de execução, é perigoso para quem se encontra em um momento de fragilidade.
Encontrou nas redes sociais alguns desses grupos. Publicações de pessoas com comportamento suicida e fotos de automutilação mostram diversos comentários que transitam entre a reprovação e a tentativa frustrada de ajuda, baseada em motivos culturais e religiosos.
De acordo com Leonardo, alguém em uma situação de vulnerabilidade deve procurar imediatamente ajuda.
“O estigma é intenso. Tem a questão cultural e religiosa. As religiões abominam o sucídio e dizem que é pecado, e, na verdade, é uma questão de saúde mental, não religiosa. Tem que procurar ajuda, não poder ter medo de procurá-la. Busque ajuda especializada... As pessoas julgam demais. O suicídio é uma escolha quando a pessoa não ver outras escolhas”.
"A suicidade é transitória. A pessoa que tenta (o suicídio) tem um comportamento ambivalente, ela quer morrer, mas ao mesmo tempo não quer. Porque na verdade ela passa por um sofrimento intenso, físico ou psicológico, e quem pensa em atentar contra a vida quer sair do estado de dor. O comportamento suicida é um pedido de ajuda, é a pessoa dizendo: eu não consigo lidar com isso sozinho", explica Leonardo Martins.
Fonte: O Povo
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