Bebê de um ano teve a vida salva após transfusão emergente. Se tatuagem tivesse sido feita, doação só poderia ter sido feita após um ano.
Por G1 CE, com informações do Fantástico
Menina colombiana com sangue raro encontra doador no Brasil
O mecânico cearense José Ewerton Ribeiro, portador de um fenótipo sanguíneo raro, acredita ter sido designado por Deus para salvar um bebê colombiano de um ano. Ele possui o fenótipo "hh", ou Bombaim, e foi o primeiro doador internacional no Brasil a "exportar" esse tipo de sangue. Uma semana antes do ato que salvou uma vida, os amigos da academia onde ele pratica jiu-jitsu haviam combinado de fazer uma tatuagem. José Ewerton recusou.
"Uma semana antes [da transfusão], uns colegas meus foram fazer uma tatuagem e eu também fiquei com vontade. Mas pensei: se eu fizer, não vou poder doar sangue. Por coincidência, uma semana depois eu fui convocado [para fazer a doação que salvaria um bebê]."
Conforme o Hemoce, pessoas que receberam tatuagem podem doar sangue apenas 12 meses após a aplicação. Segundo o órgão, o intervalo é preciso porque nestes procedimentos há perfuração da pele para implantação de pigmentos; se houver reaproveitamento de pigmentos no sangue, poderá ocorrer a transmissão de algumas doenças, mesmo que a agulha seja descartável. "As doenças são infecto-contagiosas que podem ser transmissíveis pelo sangue, como por exemplo, vírus da hepatite B, que se caracteriza por uma longa sobrevivência no ambiente", explica o Hemoce.
Após ver a tatuagem dos amigos e ter salvo a criança em Medellín, na Colômbia, ele resistiu novamente. "Alguns colegas fizeram uma tatuagem sobre o esporte que eu pratico, que é o jiu-jitsu. Eu achei bonito e fiquei com vontade de fazer. Mas não fiz, porque eu sou doador de sangue e gosto muito de doar sangue. Eu pensei que poderia precisar [do sangue raro que possui], como foi da última vez", afirma.
'Há sempre um objetivo'
José Ewerton Ribeiro descobriu ser portador do sangue raro quando fez uma doação ao Hemoce em 2015. "Eles entraram em contato, pediram pra que eu fizesse novos exames, novas coletas, que tinham dado uma alteraçãozinha no meu sangue. Fiz outras coletas e constatou que meu sangue era esse [hh]", lembra.