Leandro Machado
"Os automóveis traziam sobre o porta-malas uma dúzia de rosas vermelhas cada um. No para-brisa traseiro, além do emblema da concessionária, havia um plástico com os dizeres: 'Brasil, ame-o ou deixe-o'".
Foi assim que o jornal Folha de S.Paulo descreveu, em 21 de julho de 1970, o presente que Paulo Maluf, então prefeito de São Paulo e hoje deputado federal, deu aos jogadores e à comissão técnica de futebol que, dias antes, haviam vencido a Copa de Mundo pela terceira vez.
Eram 25 Fuscas verdes-musgo, zero quilômetro, comprados com dinheiro público da prefeitura de São Paulo. Os automóveis se tornaram um processo judicial de 36 anos - foi a primeira e, por muito tempo, única condenação do tradicional político paulistano. A Justiça considerou que ele lesou os cofres públicos sem beneficiar a cidade - depois de vários recursos, ele foi inocentado.
Em dezembro, Maluf foi preso depois que Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que ele comece a cumprir a pena de 7 anos e 9 meses por lavagem de dinheiro em uma obra durante sua segunda passagem pela prefeitura da capital paulista, na década de 1990. Atualmente, ocupa uma cela na Penitenciária da Papuda, em Brasília.
Na entrega dos Fuscas, no Parque Ibirapuera, jogadores comemoraram o presente: "É o primeiro carro da minha vida", disse Jairzinho, o "Furacão da Copa". O lateral-esquerdo Everaldo afirmou que já tinha um automóvel e que daria o novo para a esposa. A mesma coisa prometeu Zagallo, o técnico, que possuía um Opala.