Renata Mendonça - @renata_mendonca
Já havia algum tempo que a mãe de Jorge* estava tendo lapsos de memória. Até que, um dia, ela ficou em casa sozinha por cerca de uma hora quando o filho foi levar o pai ao médico. Quando ele voltou, não a encontrou mais no apartamento. Ela retornou para casa com a roupa rasgada e as pernas raladas - havia caído no caminho. O filho, então, não se conteve e chorou de desespero na frente da mãe. "Eu realmente não sabia mais o que fazer", diz.
Marcela* viveu situação semelhante. Sua mãe também tinha problemas de memória, mas estava perfeitamente saudável, enquanto o pai estava com outros problemas clínicos que precisavam de cuidados. Para ir ao médico com ele, a tática foi levar os dois juntos para o hospital.
Na hora do exame, Marcela disse à mãe: "fica aí rapidinho enquanto eu entro para o exame com o papai". Quando voltou, a mãe não estava mais lá. Ela foi encontrada três dias depois, do outro lado da cidade, com as roupas sujas e rasgadas, sem dinheiro nenhum. Foram três dias de agonia para Marcela, sem saber o que poderia ter acontecido com a mãe.
Os dois casos acima se referem a pessoas que sofrem da doença de Alzheimer, o tipo mais comum de demência que existe no mundo, que atinge 30% da população brasileira acima de 80 anos, segundo dados do Ministério da Saúde.