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domingo, 2 de abril de 2017

PEQUENOS AGRICULTORES TESTAM NOVAS VARIEDADES DE AIPIM EM SANTA CATARINA.

Edição do dia 

Variedades foram desenvolvidas nas condições de solo e clima do estado.
Objetivo é aumentar a produtividade e atender à exigência do consumidor.

Cristina VieiraUrussanga, SC

Uma experiência feita em Santa Catarina poderia se espalhar por todo o país. A Epagri – Empresa de Pesquisa e Extensão Rural está testando novas variedades de mandioca de mesa para cultivo em pequenas propriedades. O resultado surpreende pela produtividade e resistência.

O reforço na merenda das crianças já é resultado da produção que vem melhorando no campo. O aipim, conhecido como mandioca de mesa ou macaxeira, faz parte do cardápio diário de uma escola em Içara, no sul de Santa Catarina.
Para melhorar a renda dos agricultores a Epagri desenvolveu novas variedades de aipim, como explica o agrônomo Eduardo Nunes. “É um produto que entra dentro de um processo de diversificação da propriedade, principalmente na agricultura familiar.

A ideia foi ofertar a eles materiais mais produtivos do que os materiais regionais que eles vinham produzindo e com maior capacidade de cozimento ao longo do período de colheita”, diz.
Foram quatro anos de pesquisa em 12 regiões de Santa Catarina. Para conhecer as variedades, o Globo Rural foi à unidade experimental da Epagri em Urussanga. O agrônomo Alexsander Moreto participou da seleção de cultivares.

“Das quatro variedades, a guapo foi a mais adaptada em todas as regiões em que foi testada. Produz em média de 10 a 15 toneladas mais do que a média do estado, gira em torno de 20 toneladas por hectare”, diz Moreto.
Também com alta produtividade, o uirapuru é um aipim de polpa amarela. “Essa variedade se adaptou em que condições de solo mais pesado, mais argiloso. Em várias condições do estado tem essa condição”, explica Moreto.
O aipim convencional costuma ficar mais duro, de difícil cozimento, quando passa um pouco da época da colheita para o consumo. O que é uma dificuldade para o agricultor que quer comercializar o produto o ano todo. Por isso, foi desenvolvida a variedade sempre pronto, que tem justamente como característica um período maior de colheita e que mantém a qualidade de cozimento.
Nas variedades comuns há uma época certa para que a raiz seja retirada da terra. As folhas caem e começa a rebrota. Nessa fase, a raiz fica mais dura, o que não acontece com a cultivar quase pronto.
No quesito sabor, a que teve a melhor aprovação dos agricultores foi a variedade ajubá, de polpa bem amarela. Outra característica das cultivares é a resistência. As quatro apresentam tolerância às principais doenças na lavoura, mas a pesquisa não terminou. O desafio ainda é o controle da mosca do broto do aipim.
Além dos controles no campo, a pesquisa avaliou as cultivares na cozinha. Os dados são importantes para o agricultor comercializar o produto, como a facilidade de descascar, o tempo de cozimento e a qualidade da polpa cozida.
“Dentro desse processo, a participação dos produtores é fundamental. É o que a gente chama de pesquisa participativa, ou seja, os pesquisadores entram com os parâmetros mais técnicos e os produtores com os parâmetros que eles consideram ideais para cada material”, explica Nunes.
As variedades aprovadas têm tempo máximo de cozimento de 30 minutos. Um dos agricultores que participaram da pesquisa é o seu Marinho Biff. Ele deixou a plantação de fumo e hoje cultiva cinco hectares de aipim no município de Içara. Um terço da área está cultivado com o aipim sempre pronto, aquele que tem período mais longo de colheita.
O aipim já se tornou a principal fonte de renda. Quando a família começou na atividade o aipim era vendido do jeito que sai do campo. Depois, eles começaram a vender o produto descascado. Com o aumento dos pedidos veio a necessidade de ampliar a estrutura. Agora, dentro da propriedade funciona uma agroindústria. O processo deixou de ser artesanal por uma exigência dos próprios clientes.
Por mês, a produção chega a seis mil quilos de aipim com casca e mais de oito mil quilos descascados. O produto embalado e descascado é vendido para restaurantes, supermercados e para a merenda escolar.
Essas variedades de mandioca de mesa foram desenvolvidas nas condições de solo e do clima de Santa Catarina e estão sendo testadas apenas por produtores do estado. No início do projeto, eram 50 agricultores. Hoje, já são cerca de 200.

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