/Escrito por Rodrigo Rodrigues, rodrigo.rodrigues@svm.com.br /
DIAS MELHORES
O tão aguardado toque só foi possível no último dia 7, quando a mãe pôde, finalmente, segurar a filha nos braços pela primeira vez.
Laços que se formam no primeiro olhar, no primeiro toque e carinho. Assim é construído o relacionamento entre mãe e filho. Para Maria Lurdiany, 36, os primeiros momentos vieram um pouco mais tarde, mas, felizmente, chegaram. A comerciante ficou mais de 50 dias internada e quase 20 em coma, no Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, após contrair o novo coronavírus. Ela só conheceu o rosto da pequena Diany Hadassa, que nasceu em 21 de maio, 43 dias após o parto. O momento aconteceu de forma virtual, em 26 de junho.
O tão aguardado toque, no entanto, só foi possível no último dia 7, quando a mãe pôde, finalmente, segurar a filha nos braços pela primeira vez, exatos 51 dias após dar à luz. “Quando vi minha filha, fiquei emocionada e chorei”.
“Estou aguardando com grande expectativa o dia de poder ver minha filha pessoalmente outra vez e de poder trazê-la para nossa casa”.
Residente em Ubajara, onde mora com o esposo, Maria Lurdiany deu entrada no HRN, referência para casos de alta complexidade, em 18 de maio. Por conta do estado grave da doença, ela precisou ser reanimada pelos profissionais e passar por um parto de emergência, em 21 de maio, quando nasceu a pequena Diany, às 17h. “Tive o privilégio de poder vê-la pessoalmente, na ocasião em que recebi alta do hospital. Sou muito grata a Jeová Deus, aos profis0sionais do HRN e ao meu esposo, que em nenhum momento me abandonou”, conta.
Vileimar Alves, pai de Diany, lembra que a esposa começou a sentir os sintomas da Covid-19 em 8 de maio.
“No dia seguinte, a gente já foi ao hospital de Ubajara e depois pro São Camilo, em Tianguá. Depois, ela foi transferida para a emergência do Regional Norte e chegou a ficar intubada durante 19 dias”.
Felizmente, tudo correu bem. “Agora, minha esposa está tratando as sequelas da doença, que são graves. Por ela ser hipertensa, a Covid-19 agravou bastante o quadro. Viemos para casa, em Ubajara, terça-feira (7)". Já a pequena, continua internada na Unidade de Cuidados Intensivos do HRN recebendo cuidados por ter nascida prematura extrema, com 28 semanas. "A nossa filha ficou no hospital, mas todo dia recebo notícias da equipe do HRN. Vou ficar indo à unidade para vê-la uma vez por semana até que ela receba alta”, relata Alves.
Covid-19 e gravidez
A criança não foi infectada pelo novo coronavírus e está sendo acompanhada pelas equipes do HRN. A médica obstetra do Regional, Eveline Valeriano, lembra que a gestação é um fator de risco de complicação nos casos da Covid-19. “Pesquisas iniciais indicavam que pacientes no ciclo gravídico puerperal não pareciam ter maior risco de desenvolver sintomas graves. Mas, surgiram publicações mais recentes afirmando que pode sim aumentar os riscos tanto para mães como para os bebês”, explica.
Segundo ela, isso pode ser explicado pela imunodepressão da paciente, situação própria desse período, que leva a modificações fisiológicas no organismo materno. “Lurdiany foi internada com sintomas de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com falta de ar, necessitando ser entubada. A rápida decisão médica para realizar o parto permitiu a recuperação dela. Foi necessário também que a mãe permanecesse alguns dias internada em UTI e depois na clínica médica para que a alta fosse segura”.
Eveline afirma, ainda, que até 15 dias pós-parto pode haver uma piora clínica do paciente e que, por isso, deve-se ter a resposta pulmonar e todos os sinais vitais avaliados constantemente.
“Felizmente, alcançamos sucesso. Era um caso muito difícil pela gravidade. Todos nós, do corpo clínica do Regional, ficamos gratos. A bebê continua internada e apresenta um quadro de melhora diária. Ela deve ser estimulada, quando receber alta, por uma equipe multiprofissional por conta do nascimento prematuro, que foi necessário para a melhora da mãe”, ressalta a médica .
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