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sábado, 6 de maio de 2017

PROGRAMAS BENEFICIAM BEBÊS PREMATUROS EM SOBRAL-CE.

As técnicas auxiliam no desenvolvimento físico e mental das crianças, contribuindo para a alta hospitalar

Fonte:DN/Regional

Na redeterapia, bebês prematuros são colocados em redes do tamanho deles ( Fotos: Marcelino Júnior )
 por Marcelino Júnior - Colaborador
Na hidroterapia, o bebê é colocado num balde com água morna, coberto com um pano, para depois ficar livre em seus movimentos, como se estivesse num útero
Sobral. Na Unidade de Terapia Intensiva 2, da Santa Casa de Misericórdia de Sobral, a dona de casa Luciana dos Santos, de 32 anos, acompanha de perto o atendimento dado à filha dela, de apenas dois meses de nascida. A criança, que está numa incubadora, teve um parto complicado, tendo que vir ao mundo com apenas 5 meses de vida, pesando 700 gramas. Após o tempo de internação na UTI, com todos os cuidados necessários ao seu pleno desenvolvimento, a pequena Jéssica, sexta filha, de sete irmãos, ganhou cerca de 400 gramas de peso, e já goza de uma saúde estável e perto do ideal para, em breve, deixar a incubadora e seguir com a mãe para sua nova casa, na cidade de Meruoca, cerca de 36 quilômetros de Sobral.
Enquanto se recupera, Jéssica tem um atendimento inovador, que tem colaborado muito em seu tratamento: a redeterapia, técnica na qual os bebês mais estáveis são colocados em redes produzidas para o tamanho deles, dentro mesmo da incubadora, o que ajuda a criança a adquirir uma posição mais confortável, ao longo de um dia de sono.
De acordo com o fisioterapeuta da UTI Neonatal, Jefferson de Sousa Justino, "nós recebemos crianças, na maioria das vezes, prematuras, que não têm uma formação completa dos órgãos internos e externos, necessitando de cuidados especiais. A rede terapia ajuda no equilíbrio, o que evita refluxos, dores de cabeça, além de acalmar a criança. O que se observa, é que são muitos os benefícios adquiridos para a saúde plena dos bebês e até na redução do tempo de sua internação", afirma.

A mãe de Jéssica viaja todos os dias para estar perto da filha e ajudar no tratamento da menina, já que fica ao lado do fisioterapeuta na hora de colocá-la na rede. "Nos meus partos anteriores, um dos filhos teve que ficar por alguns meses na UTI, também por ser prematuro. Mas ele demorou a se desenvolver. Eu percebo que a Jéssica já age diferente. Com a rede, ela parece ficar mais livre e bem acomodada. O espaço é bom, e eu estou sempre pertinho enquanto balanço um pouco a redinha. Eu nuca pensei que isso fosse possível, tinha até medo que ela caísse, mas vejo que é bem tranquilo. Acredito que, em breve, ela deixará o hospital comigo".
A técnica de redeterapia vem sendo pesquisada pela estudante de enfermagem Maria Gabriela Fontenele, que explica que o tratamento já é utilizado nas UTIs neonatais do País, mas a Santa Casa foi o primeiro hospital do Nordeste a se interessar por pesquisá-lo, diz a estudante.
"O objetivo desse trabalho é dar fundamentação teórica para a redeterapia e mostrar como essa tecnologia pode melhorar a frequência cardíaca e a respiração dos bebês". Essa técnica ainda ajuda a reduzir o tempo de internação dos bebês. "Durante a pesquisa, são avaliados os níveis de stress do paciente, antes e depois do tratamento. Assim é verificada a frequência cardíaca e respiratória, face de dor, variação de tônus, além de sinais como soluço e choro".
Os bebês prematuros, que nascem antes das 37 semanas de gestação, são pequenos, têm baixo peso e precisam de cuidados especiais para a respiração e alimentação. Na UTI Neonatal 2, além de todos os cuidados médicos necessários, os internos contam com várias ações de humanização que aproximam a família e aceleram o processo de recuperação das crianças.
De acordo com Renides Brasil, coordenadora da UTI Neonatal, "as mães sempre ficam muito felizes e agradecidas com esse trabalho. Tentamos mostrar que a UTI Neonatal não é um lugar de sofrimento e dor, mas também de celebração por vidas em plena recuperação".
Ainda segundo a coordenadora, essas técnicas, associadas a outros tratamentos humanizados, contribuem muito para o pleno desenvolvimento dos internos. "A maior parte dos bebês prematuros que nascem na Santa Casa de Sobral são filhos de mães adolescentes, ou vêm das mais de 60 cidades circunvizinhas atendidas pelo hospital. Mas, apesar dos atendimentos de saúde nos municípios, muitas dessas mães não fazem corretamente o pré-natal para identificar alguma alteração na criança e evitar que nasçam antes do tempo normal, o que algumas vezes pode gerar a prematuridade", informa.
Os pais do pequeno Samuel, que nasceu com seis meses e já busca recuperação na Unidade, também acompanham o desenvolvimento do bebê. O menino, que é o primeiro filho do casal, morador do Distrito de Taperuaba, em Sobral, espera alcançar uma situação mais estável, no que diz respeito seu estado de saúde, para, assim, também se beneficiar do tratamento de redeterapia.
A mãe da criança, a dona de casa Wagna Paiva, diz que "também estou praticamente internada com ele. Todos os dias eu observo as outras crianças dentro das redinhas e fico pensando quando o Samuel vai poder ficar assim também. Agora é esperar ele ganhar peso e ter condições de fazer esse tratamento, que eu acredito ser importante para o desenvolvimento dele", disse.
Com suporte para atender cerca de 25 crianças por mês, a UTI Neonatal 2, da Santa Casa, possui dez leitos disponíveis para a cobertura da região Norte, que possui outra U.T.I Neonatal em atividade, instalada no Hospital Regional. O tempo médio de internação dos bebês na Santa Casa vai de um a dois meses. O que, vez ou outra, gera superlotação. Geralmente, o perfil de crianças que aqui chegam vem de nascimentos prematuros, na maioria, com seis meses.
Ao lado da incubadora onde dorme o pequeno Samuel, outra criança já vem sendo beneficiada com os cuidados da redeterapia. A pequena Jemely Mendes, que chegou com pouco mais de 800 gramas, e já pesa quase quilo, também tem o carinho da mãe, durante o tratamento de redeterapia.
Conforto
De acordo com a mãe de Jemely, Jackeline Mendes, a menina tinha uma irmã gêmea, que resistiu poucos dias após o nascimento. Em sua luta pela vida, a bebê segue na incubadora se beneficiando também do conforto de dormir numa rede feita especialmente para ela.
"Minha filha fica sempre mais esperta e confortável na redinha. Eu fico emocionada ao vê-la tão bem e se recuperando. Ela agora é minha esperança, já que a irmã não resistiu", desabafa a mãe, que também elogia o tratamento por meio de hidroterapia. "O contato com a água é muito bom para melhorar a musculatura dela e o equilíbrio, dizem os fisioterapeutas que cuidam da minha filha com muito carinho", elogia Jackeline.
A Hidroterapia Neonatal (HN), atividade terapêutica capaz de auxiliar bebês prematuros a se recuperarem mais rápido, é outra técnica utilizada pela equipe multiprofissional da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal 2. A hidroterapia tem seu uso com eficiência como tratamento coadjuvante na terapia de sono, para melhorar o estímulo à alimentação, como método de redução da dor e estresse e na prevenção de anormalidades posturais.
Balde com água
O bebê é colocado num balde com água morna, coberto com um pano, para depois ficar livre em seus movimentos, como se estivesse num útero. Conduzida por uma equipe de fisioterapeutas, a técnica relaxa o bebê porque simula esse ambiente de pré-nascimento. Os pais ou avós são sempre incentivados a estarem presentes, pelo menos uma vez por semana, acompanhando os prematuros em suas atividades.
Atendimentos
60
Cidades circunvizinhas a Sobral são atendidas pela Santa Casa sobralense; a maior parte dos bebês prematuros são filhos de mães adolescentes

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