Rua Primeiro de Março está interditada na altura do Palácio Tiradentes
Rio - Manifestantes se reuniram em frente à Alerj, na tarde desta sexta-feira, dia para o qual as centrais sindicais e outras frentes convocaram dois atos: um contra o governador Pezão, e um ato unificado da Greve Geral contra as reformas trabalhista e da Previdência. O primeiro protesto reuniu ativistas e trabalhadores por volta das 14h em frente ao prédio da Casa Legislativa.
Por volta das 16h10, PMs do Batalhão de Choque (BPChq) lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes, iniciando um confronto e dispersando a concentração. No Twitter, a corporação disse que 'atua para garantir o direito de uma manifestação pacífica', usando a hashtag #BadernaNão. Em reação, manifestantes atearam fogo em barricadas, bloqueando as vias. Representantes de indígenas também ameaçaram os policiais com flechas.
Segundo a estudante Guinevere Gaspari, o confronto começou no momento em que os manifestantes tentaram ir em passeata até a Cinelândia: "Estava tudo tranquilo, não estava acontecendo nada. Foi quando começamos a sair da Alerj que as bombas vieram de trás", contou ela, que não conseguiu retornar ao protesto por causa dos efeitos do gás. Apesar disso, líderes do ato em carros de som conseguiram controlar a situação.
Antes do confronto, a previsão era de que os manifestantes seguissem em passeata até a Cinelândia para o ato unificado da Greve Geral, previsto para acabar às 22h. Johanns Eller, outro manifestante, contou que o clima na concentração é tenso: "estamos acompanhados de um cerco muito grande da PM, um grande contingente com cassetetes". Muitos jovens mascarados também estão nas vias, junto a milhares de outros manifestantes. Há relatos de que bancos teriam sido depredados na região.
Por volta das 16h30, os PMs percorreram outras vias próximas, como a Rio Branco e a Primeiro de Março, lançando bombas com o apoio de um blindado. Manifestantes gritaram palavras de ordem contra os militares, como "PM suja" e "policiais covardes".
Alguns manifestantes tomaram a direção do Aterro do Flamengo, outros se dirigiram à região da Lapa. Depois de cerca de meia hora suspenso, o ato na Cinelândia foi retomado por volta das 18h. As bombas atingiram inclusive o palco onde lideranças políticas, sindicais e estudantis se preparavam para discursar.
Por volta das 19h, manifestantes relataram ter visto bombas de gás lacrimogêneos serem jogadas de cima de prédios sobre os manifestantes. Os manifestantes foram quase totalmente dispersados do ato.
A pauta do protesto defende que as reformas trabalhista e da Previdência implicarão na perda de direitos históricos da classe trabalhadora. Estão programadas falas políticas e atividades culturais durante o evento.
Em nota a PM informou que policiais do 5ºBPM (Harmonia), do Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos (BPGE), do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) e o Grupamento Tático de Motociclistas (GTM) do BPChq, estão desde a manhã com as equipes na Alerj e Cinelândia.
"A corporação agiu em vários distúrbios, reagindo à ação de vândalos que, infiltrados entre os legítimos manifestantes, promoveram atos de violência e baderna pelo centro da cidade. Até o momento, há notícias de saques e depredação de lojas, estações do Metrô e do VLT, ônibus e carros apedrejados e incendiados. A Polícia Militar continua nas ruas, buscando neutralizar a ação de vândalos que se passam falsamente como manifestantes", diz trecho do documento.
Trânsito e fim da manifestação
Devido aos bloqueios no tráfego causados pelas manifestações, o município está em estágio de atenção desde as 6h50 da manhã. Segundo o Centro de Operações do Rio, a Rua Primeiro de Março foi interditada na altura do Palácio Tiradentes.
O MetrôRio informou que a estação Cinelândia está fechada. A estação Carioca chegou a ter um dos acessos bloqueados, mas já foi reaberta. Todos os ramais da Supervia funcionam normalmente.
Por volta das 18h20, houve relatos de pelo menos cinco ônibus abandonados e incendiados - um na Cinelândia e os outros quatro nos arredores na Rua do Passeio, na Lapa. Segundo o Centro de Operações do Rio, a Rua Teixeira de Freitas e a Rua do Passeio estão interditadas. Também há interdições nas avenidas Presidente Vargas, Passos, Augusto Severo e algumas vias no entorno da Cinelândia.
Manifestantes atearam fogo em barricadas de lixo na Rua dos Inválidos e bloquearam outras vias da região. Tiros foram ouvidos. Na Glória, mais bombas de efeito moral foram atiradas pela polícia. O Centro de Operações pede que a população evite toda a região do Centro.
Por volta das 19h30, manifestantes também relataram o uso, pela polícia, de bombas de efeito moral e balas de borracha na Praça Tiradentes. No mesmo horário, o ato na Cinelândia foi dispersado.
Em nota, a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) repudiou o ataque de pelo menos oito ônibus e informou que os veículos não possuem seguro para casos de incêndios criminosos, por isso eles são inteiramente descartados. Segundo a federação, o custo estimado para a reposição da frota incendiada este ano já ultrapassa R$ 17,5 milhões.
Reportagem da estagiária Nadedja Calado, com informações da Agência Brasil.
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