Cláudio Lenz Cesar é um dos 50 pesquisadores de projeto e estuda no
Centro Europeu de
Física de Partículas (Cern) o porquê de não existir mais a antimatéria primordial
Um novo passo foi dado para entender por que a antimatéria primordial,
presente na criação do Universo, não existe mais. Em pesquisa com
resultados publicados nesta segunda-feira, 19, na revista científica britânica
Nature, o grupo de 50 cientistas da Colaboração Alpha,
do Centro de Europeu de Física de Partículas (Cern),
avança na comparação entre matéria e antimatéria utilizando
lasers. O pesquisador cearense Cláudio Lenz Cesar é um dos
quatro brasileiros da pesquisa.
O artigo intitulado “Observation of the 1S-2S transition in trapped antihydrogen”(“Observação da transição 1S-2S do anti-hidrogênio
aprisionado”, em livre tradução) revela dados sobre a pesquisa
Após criar o anti-hidrogênio (molécula em que, ao contrário do hidrogênio,
o próton é negativo e o elétron é positivo), e conseguir aprisioná-lo,
os cientistas agora conseguiram pela primeira vez a interação da partícula
com um laser - o que permite a comparação precisa da similaridade
ou não entre matéria e antimatéria.
“A gente conseguiu usar um laser para fazer uma medida no anti-átomo.
É a primeira vez que se consegue interagir um laser com um anti-átomo”,
comemora Cláudio, que é professor do Departamento de Física da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Feitos há 19 anos,
os estudos reproduzem na antimatéria o que já foi feito com os átomos
e que deu origem a Mecânica Quântica.
“A Teoria Quântica veio para explicar, a partir da excitação do átomo,
quais as energias necessárias para você levar o elétron de uma camada
para outra. Agora, conseguimos fazer isso com o anti-átomo, levando
o pósitron (como é chamado o elétron positivo) a fazer a transição de um
estado quântico para outro”.
A partir dessas transições é possível fazer comparações se as energias
para promover as mudanças de nível quântico são similares entre átomo
e anti-átomo, com cargas opostas. Até agora, foi feita a comparação em
dez casas decimais entre os níveis do átomo e do anti-átomo e por enquanto
elas estão em acordo. No ano que vem, a pesquisa irá chegar a comparação
de 15 casas decimais.
“Nada garante que elas continuem em acordo. A Teoria da Física afirma que
átomo e anti-átomo são semelhantes. Para ela estar correta, essas medidas
vão dar absolutamente iguais. E nós vamos continuar sem uma explicação
do porquê o Universo só tem matéria. Se der igual, teremos de buscar outras
explicações. Se der diferente, a antimatéria não é igual a matéria e teríamos
que mudar bastante a teoria atual da Física”, projeta.
Multimídia
Leia o artigo em http://go.nature.com/2i8Qpo8
FONTE:O POVO ONLINE/DOMITILA ANDRADE
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