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domingo, 18 de setembro de 2016

CRISE HÍDRICA NO CEARÁ GERA RESTRIÇÕES DE CONSUMO PARA A POPULAÇÃO E INDÚSTRIA.

Edwirges Nogueira – Correspondente da Agência Brasil
/JORNAL DE CAMOCIM
Quixadá - Símbolo das obras de combate aos efeitos da seca, o Açude Cedro, que começou a ser construído em 1890, não abastece mais a cidade (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Nível  dos  reservatórios  preocupa  gestores  dos  recursos  hídricos  no  estado  do  Ceará    Arquivo/Agência Brasil




















Na casa do mestre de obras Francisco Gomes Moreira, de 63 anos, a frequência com que a roupa é lavada diminuiu. E a água usada na máquina de lavar é reaproveitada desde que ele levou para casa um grande recipiente de uma das obras em que trabalhou. “Nosso consumoper capita é muito pouco, e fazemos o máximo possível de economia”, diz Gomes, que mora com a mulher em Fortaleza.
A família é uma das que conseguiram se encaixar na meta de 10% de redução de consumo de água, definida pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) no fim do ano passado para enfrentar os efeitos da seca que atinge o estado há cinco anos. A partir deste domingo (18), porém, a meta vai dobrar: 20%.
Por causa da situação crítica dos reservatórios que abastecem Fortaleza e 17 municípios da região metropolitana, a Cagece foi autorizada a aplicar tarifa de contingência de 20% sobre a média do consumo de água da população – ou seja, os consumidores podem gastar até 80% dessa média,  calculada com base no período de outubro de 2014 a setembro de 2015. Quem passar disso fica sujeito a pagar multa de 120% sobre as tarifas.
“Na nossa casa, está tudo dentro do padrão, da meta de 10%. Agora, com 20%, vai complicar um pouco. Vamos esperar chegar a próxima conta d'água para ver como podemos diminuir ainda mais o consumo”, planeja Gomes. A região metropolitana de Fortaleza concentra 3,7 milhões dos 8,9 milhões de habitantes do Ceará.


Reservatórios: situação preocupante
A nova meta de redução de consumo faz parte do Plano de Segurança Hídrica da Região Metropolitana de Fortaleza, lançado em agosto, e reflete a diminuição do volume de água que chega para a população e para o comércio e a indústria.
A situação do Açude Castanhão, um dos principais reservatórios de abastecimento da região, é preocupante. Considerado o maior açude de usos múltiplos do Brasil, o Castanhão está com apenas 6,6% da capacidade útil, que é de 6,7 bilhões de metros cúbicos (m³). Com o uso, a falta de chuvas e a evaporação, a cada dia, o volume cai.
Há outas ações em curso para enfrentar os efeitos da seca na região metropolitana, como o reaproveitamento da água da lavagem dos filtros da Estação de Tratamento de Água Gavião ETA Gavião) e a perfuração de poços na região do Porto do Pecém, a cerca de 60 quilômetros de Fortaleza, além de fiscalizações para evitar a perda de água por vazamentos e ligações clandestinas.
O objetivo dos órgãos responsáveis pelos recursos hídricos no estado é evitar o racionamento. “O racionamento seria uma medida extrema, em que não conseguiríamos ofertar água e a população carente seria a mais afetada. Estamos nos esforçando para evitar isso”, afirma o superintendente comercial da Cagece, Agostinho Moreira.
Desde a implantação da tarifa de contingência de 10%, apenas metade da meta foi alcançada. Em julho e agosto (ainda com dados preliminares), a redução de consumo de água ficou em 6%. Agora, mesmo com a meta dobrada, Moreira diz que o dado, antes de ser preocupante, reflete a adesão da população à medida. “O aumento da tarifa de contingência é uma das ações do Plano de Segurança Hídrica. As ações se somam e uma ajuda a outra para a redução do consumo.”
O reúso da água da lavagem dos filtros da ETA Gavião começou no dia 6 deste mês. Segundo Moreira, o sistema que trata essa água e a faz retornar para a população fornece cerca de 300 litros por segundo, o suficiente para abastecer uma cidade com população de 150 mil pessoas.
Edição: Nádia Franco

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