Entre os destaques nos enredos das agremiações estão Rachel de Queiroz, José de Alencar, Bode Ioiô, Dragão do Mar e os índios Cariri.
Fonte:DN/Verso
O lado boêmio do personagem cearense Bode Ioiô.Foto: Roberta Souza
O Estado do Ceará foi uma das principais atrações em três desfiles consecutivos na 1ª noite do Grupo Especial de Escolas de Samba do Rio de Janeiro, na madrugada da terça-feira (5).
União da Ilha do Governador, Paraíso do Tuiuti e Estação Primeira de Mangueira elegeram personagens e histórias do Ceará para apresentar no sambódromo carioca.
Alguns dos principais destaques nos enredos dessas agremiações foram os escritores Rachel de Queiroz e José de Alencar, o personagem Bode Ioiô, o líder jangadeiro da abolição Dragão do Mar e os índios Cariri.
União da Ilha do Governador
A primeira agremiação da noite a homenagear o Ceará foi a Escola de Samba União da Ilha do Governador, quarta a passar pela avenida. O desfile começou por volta de 1h23min da terça-feira (5).
A Comissão de Frente da Escola homenageou Padre Cícero e foi intitulada de "O Milagre da Fé". A ala contou a história da chegada de Padim Ciço à Marquês de Sapucaí para conceder sua bênção e promover verdadeiros milagres, renovando a fé ao ver a tristeza da gente sofrida e guerreira do Ceará de José de Alencar e Rachel de Queiroz.
A Comissão de Frente da Escola homenageou Padre Cícero e foi intitulada de "O Milagre da Fé". A ala contou a história da chegada de Padim Ciço à Marquês de Sapucaí para conceder sua bênção e promover verdadeiros milagres, renovando a fé ao ver a tristeza da gente sofrida e guerreira do Ceará de José de Alencar e Rachel de Queiroz.
Com o tema “A peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu”, o desfile da União da Ilha contou com 29 alas e 5 alegorias. A decoração de um dos veículos foi feita por 110 produtores da cidade de Jaguaruana, que confeccionaram as redes usadas no carro alegórico.
O carro Abre-Alas " Dragão de Ipu e o Tesouro Holandês" foi todo forrado com palha de carnaúba cearense, e a escultura do guerreiro na frente da alegoria é do artista cearense Assis Filho. As folhas usadas no veículo levaram cinco meses para chegar ao Rio de Janeiro, e o carro alegórico levou para avenida um dragão de 12 metros altura.
O carro Abre-Alas " Dragão de Ipu e o Tesouro Holandês" foi todo forrado com palha de carnaúba cearense, e a escultura do guerreiro na frente da alegoria é do artista cearense Assis Filho. As folhas usadas no veículo levaram cinco meses para chegar ao Rio de Janeiro, e o carro alegórico levou para avenida um dragão de 12 metros altura.
O cearense Leonel Hortêncio Dias, 52, natural de Crateús, desfilou pela primeira vez em uma escola de samba, momento que foi compartilhado com o filho. Irmão da proprietária de uma rede de restaurantes considerada o reduto da culinária cearense no Rio de Janeiro, Leonel levou para a Ala 4 da União da Ilha, intitulada "Sabores do Sertão", a experiência do ofício que desenvolve há 35 anos, trazendo a culinária do sertão para o estado carioca. "A gente tem que preservar nossa cultura do Ceará e a União da Ilha está fazendo um belo trabalho, uma homenagem muito bonita a nosso estado", afirma.
O artista e artesão natural do Cariri, Espedito Seleiro, foi o homenageado da 24ª Ala da União da Ilha, intitulada “A Moda de Espedito Seleiro”. A homenagem fez parte do 5º Setor, "A Beleza Arrochada no Aprumo", que também homenageou as rendas, o bordado e a moda do estilista Ivanildo Nunes. O mestre Espedito Seleiro, como é conhecido popularmente, desfilou no carro “Fios da Vida Tecendo Mundo”. Para participar da festa, o artesão confeccionou a própria vestimenta, entre elas uma peça que ele ainda não classificou o que seria. “Nem é gibão, nem é colete, nem é paletó e nem é um blazer. É uma roupa preparada para participar do desfile”, explicou. Espedito Seleiro não escondeu a emoção ao falar sobre a expectativa de participar de um desfile na Sapucaí. “Estou satisfeito, porque eu não esperava nunca estar aqui participando de uma festa linda desse tamanho. Só tenho que agradecer a Deus”.
A rainha de bateria da União da Ilha, Gracyane Barbosa, usou a fantasia "Anjo Sagrado do Sertão", assinada pelo estilista Henrique Filho.
Já os componentes da bateria da escola desfilaram vestidos com a batina preta que relembra a roupa usada pelo religioso Padre Cícero. Além dos intrumentos tradicionais usados no samba, a bateria da União da Ilha incorporou a sanfona, instrumento musical tradicional do nordeste.
Padre Cícero voou no sambódromo em cima de uma espécie de drone e agitou o público, que vibrava a cada decolagem. O desfile da União da Ilha foi encerrado por volta das 2h45min, somando 73 minutos na avenida.
Paraíso do Tuiuti
Quinta escola a se apresentar na Marquês de Sapucaí, a Paraíso do Tuiuti entrou na avenida às 2h53 e apresentou para o público a história do Bode Ioiô, personagem da cultura cearense que foi eleito vereador em 1922, em um ato de protesto em Fortaleza.
Vice-campeã do carnaval carioca, a Tuiuti trouxe para 2019 o tema "O Salvador da Pátria". Com 3.200 componentes, a agremiação levou para a avenida 29 alas, 5 carros alegóricos e 2 tripés.
A comissão de frente da Tuiuti, intitulada “Vendeu-se o Brasil no Palanque da Praça”, contou a história de como se deu a eleição do Bode Ioiô e fez uma crítica à política da época, que sempre ficava na mão dos mesmos atores.
O carro representou o passeio do Bode Ioiô com os vendedores de peixe na Av. Beira Mar. A cabeça de dragão em arame homenageava o abolicionista Dragão do Mar. Os integrantes do carro usavam vestimentas alusivas aos vendedores de peixe.
A ala "Serestando ao Luar" mostrou as andanças do Bode Ioiô em meio às cantorias da boemia cearense.
Um carro com duas faces mostrou a modernidade que Fortaleza queria demostrar, em contraste com o sofrimento sertanejo que a capital cearense tentava esconder.
A busca por disfarçar a pobreza da cidade tinha o objetivo de transparecer um ar superior em relação às outras capitais daquela época, 1922.
O Bodinho Ioiô, mascote do homenageado na escola de samba, desfilou no carro "Fauna Eleitora", uma crítica aos currais eleitorais feitos pelos coronéis, que obrigavam as pessoas a votarem nos candidatos que eles ordenavam.
Um carro alegórico trouxe a ilustração e a frase "Ninguém solta a mão de ninguém", imagem que viralizou nas redes sociais após o resultado das eleições presidenciais de 2018 e se tornou a representação da resistência da população.
O desfile da Paraíso do Tuiuti foi encerrado por volta das 4h10min.
O desfile da Paraíso do Tuiuti foi encerrado por volta das 4h10min.
Estação Primeira de Mangueira
A Estação Primeira de Mangueira entrou na Sapucaí às 4h14min com o enredo "História Pra Ninar Gente Grande", que abordou o lado não-oficial de personagens da história do Brasil e trouxe uma nova versão de acontecimentos históricos. O desfile da Mangueira contou com 3.500 componentes, 24 alas, 5 alegorias, 2 tripés e um componente alegórico.
O carro "Mais Invasão do que Descobrimento" abordou a história do Brasil antes da chegada dos portugueses, com o argumento que a história brasileira não se dá apenas a partir do ano de 1500. A alegoria teve reprodução de pinturas rupestres encontradas na Serra da Capivara, no Piauí, datadas de 9 mil anos atrás.
O segundo carro da escola, com o nome "O Sangue Retinto Por Trás do Herói Emoldurado", questionou as expedições no Brasil colônia para a captura de riquezas e a exploração dos nativos.
O Ceará foi homenageado pela Mangueira na Ala da Confederação dos Índios Cariri, que remeteu ao conflito que reuniu em uma confederação as tribos Crateús, Carius, Cariris e Inhamuns para lutarem juntos contra a ação de portugueses que escravizavam e vendiam índios como mercadoria.
O quarto carro da escola, o "O Dragão do Mar de Aracati", fez uma releitura do abolicionista Chico da Matilde, natural de Aracati, que combateu o tráfico negreiro no Ceará.
A imagem de Luis Gama, patrono da escravidão no Brasil, estampou estandartes acompanhados de uma embarcação na avenida.
No carro "A História que a História Não Conta", a Mangueira mostrou novas versões sobre a história de personagens brasileiros históricos.
José de Anchieta, padre jesuíta espanhol e historicamente um dos fundadores da cidade de São Paulo, também ganhou outra versão no defile da Mangueira.
A ditadura militar brasileira, que compreende o período de 1964 a 1985, também teve espaço no enredo da escola verde-rosa.
Bandeiras com o rosto da vereadora Marielle franco, assassinada em março de 2018 no Rio de Janeiro, marcaram o encerramento do desfile da Mangueira. A viúva de Marielle, Mônica Benício, e o deputado federal Marcelo Freixo desfilaram à frente da última ala.
O desfile da Estação Primeira de Mangueira foi encerrado por volta de 5h4min.
O desfile da Estação Primeira de Mangueira foi encerrado por volta de 5h4min.
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