Por Marcelino Júnior, redacao@diariodonordeste.com.br
O maior benefício é a possibilidade de o paciente receber novamente suas próprias células, o que diminui em muito o risco de reações
Um novo serviço passa a beneficiar, desde ontem (15), os pacientes do Hospital do Coração de Sobral submetidos à cirurgia de grande porte, que agora poderão recuperar seu próprio sangue com a autotransfusão realizada por meio de uma máquina de recuperação intraoperatória de sangue. Durante as cirurgias, o equipamento retira o sangue que seria perdido e recupera para ser autotransfundido no paciente.
A técnica é importante, tanto para pessoas que têm alguma incompatibilidade sanguínea, ou aquelas que, por qualquer motivo, se recusem a receber transfusão. O maior benefício é a possibilidade de o paciente receber novamente suas próprias células, o que diminui a necessidade de transfusão sanguínea e reduz o risco de reações.
A máquina foi repassada ao Hospital do Coração de Sobral pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará, por meio do Hemocentro local. O hospital, que possui uma margem de abrangência em cerca de 57 municípios, tem em média cerca de 30 cirurgias cardíacas mensais de grande porte, entre elas as de ponte de safena e troca de válvulas.
"Com a utilização do equipamento, nós necessitaremos menos da hemotransfusão que, dentro da cirurgia cardíaca, é um grande feito, por conta do pós-operatório com menor risco de complicações e mortalidade. Sem a hemotranfusão, o paciente tem alta hospitalar mais cedo, não corre riscos de complicações, infecções ou reações inflamatórias, o que garante maior rotatividade de atendimentos, aumentando, assim, o fluxo de mais procedimentos operatórios na região", explica David Carneiro, diretor do Hospital do Coração.
Treinamento
Ao longo da cirurgia, a máquina de recuperação será utilizada por um enfermeiro que faz parte da equipe do Hemoce ou que recebeu treinamento. Na prática, o sangue do paciente é aspirado para um reservatório até atingir o volume ideal para a autotransfusão. Antes de ser reinfundido, esse sangue passa por uma centrifugação, onde serão separadas somente as hemácias, que serão devolvidas ao paciente ainda na sala de cirurgia. Todo o processo é feito pela máquina automatizada com kit descartável. Existem, ainda, casos em que é preciso repor outros hemocomponentes como plaquetas e plasma, dessa forma ainda seria necessária uma transfusão. Segundo Roberta Farias, enfermeira do Hemocentro de Sobral, "fomos treinados no Hospital de Messejana para operacionalizar a máquina. Já estamos aptos a utilizá-la".
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