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segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

RACIONAMENTO DEVERIA TER OCORRIDO, DIZ O DNOCS.

Com o Castanhão atingindo o pior nível da história, administrador do Açude não vê chances de boa recarga

FONTE:DN/CIDADE
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O Castanhão opera, conforme o Dnocs, em volume morto desde o fim de agosto, quando o açude atingiu a cota 71. Já a Cogerh nega o volume morto ( Foto: Kid Júnior )
Em aproximadamente 34 dias, se não houver recargas significativas de chuvas na Região do Médio Jaguaribe, o Castanhão, maior açude público para diversos fins do Brasil, não conseguirá mais liberar água sem o recurso de bombeamento, atingindo apenas 2% de sua capacidade que é 6,7 bilhões de metros cúbicos. De acordo com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), o reservatório está com o volume de 160 milhões de metros cúbicos de água, apenas 2,48% do total.
Enquanto a água escasseia rápido demais, cerca de quatro centímetros de coluna por dia ou aproximadamente um milhão de m³ com consumo e evaporação diária, a esperança de que a chuva recarregue o Castanhão também se esvai sorrateira. "Estou há 20 anos trabalhando aqui. Nunca vi o Castanhão nessa situação de curva negativa para 2,4%. Vi em 2,4% sendo acrescido. Estava acumulando água e não perdendo", lamenta o administrador do Castanhão, Fernando Pimentel, que não vê chances de melhora no nível do açude.
No dia em que a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) apresenta o prognóstico para a quadra chuvosa no Estado, Pimentel lança crítica ao Estado pela decisão de não iniciar um racionamento antes que o maior reservatório do Estado atingisse o volume morto. "Eu acredito que amanhã será a mesma situação de agora, de perda de água, redução de volume e necessidade de um racionamento extremo. O racionamento era para ter sido decretado quando ainda tínhamos um volume de água. Neste momento, o que temos não atende sequer à necessidade básica".
O governador Camilo Santana rebateu os comentários. "Nos últimos quatro anos, o que eu fiz foi exatamente buscar alternativas para evitar que o povo sofra com o racionamento e garantir o abastecimento. É o Dnocs que não está por dentro, não tem a informação correta; aliás, ele precisa se refazer e cumprir o seu verdadeiro papel", contrapõe.
No fim de semana, Camilo Santana realizou a primeira reunião com o secretariado no Monitoramento de Ações e Projetos Prioritários (MAPP). O secretário dos Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, disse que o governador pediu mais celeridade nas obras e políticas voltadas à garantia do abastecimento de água para todos os municípios.

"Nós estamos numa situação crítica, que já vem se estendendo para a seca mais severa de toda a história, mais de seis anos. Mas estamos com a situação sendo controlada. Nós temos trabalhado muito, nos últimos três anos, em ações para diversificar as fontes hídricas das regiões metropolitanas, trabalhando com áreas subterrâneas, reúso de água, usando fontes como o Açude Maranguapinho para atender o sistema metropolitano, que vai passar de 200 litros por segundo para 400 litros por segundo", afirmou Teixeira.
Em 2018, de acordo com Governo do Estado, haverá mais ações estruturantes, de médio e longo prazo, como também elaboração de novas políticas. "O governador nos cobrou agilidade para começar a planta de dessalinização, por exemplo. A Cagece deverá receber os estudos em abril. Em maio e junho, deverá ser licitada obra", disse.
Volume morto
O Castanhão opera, conforme o Dnocs, em volume morto desde o dia 29 de agosto, quando o açude atingiu a cota 71. Já a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) nega a entrada no volume morto.
Para o órgão estadual, o Castanhão só chega a essa marca quando atinge a cota 61, que é quando a reserva de água mais profunda das represas, que fica abaixo dos canos de captação normalmente usados para retirar água da barragem, seja utilizada apenas por meio do uso de sistemas de bombeamento. Dessa forma, a Cogerh considera volume morto no Castanhão somente quando o nível da água chegar a 83,4 milhões de m³, ou seja, a 2% de sua capacidade, o que não está longe.

Fique por dentro

RMF se torna menos dependente
Construído em 2002, para garantir o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e a perenização do Rio Jaguaribe, dentre outras finalidades, o Castanhão deixou de ser a principal fonte de água da Capital. Para o abastecimento, Fortaleza necessita de oito metros cúbicos por segundo, e o Castanhão só oferta, atualmente, um oitavo disso: um metro cúbico por segundo.
De acordo com o titular da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Francisco Teixeira, em entrevista ao Diário do Nordeste em novembro de 2017, "a água agora está ficando lá, para manutenção de cidades do Vale do Jaguaribe e um resto de agricultura que ainda resiste".
Mais independente do Castanhão, a Bacia Metropolitana, com 22 reservatórios, dentre os quais os do sistema Pacoti/Riachão/Gavião, vem suprindo a demanda de Fortaleza, juntamente com investimentos em adutoras, Eixão das Águas e Canal do Trabalhador, poços e ações como o reúso da lavagem dos filtros da Estação de Tratamento de Água Gavião, conseguindo com isso, colocar mais 400 litros por segundo em circulação; ações de combate às fraudes na rede, com 54 L/s até agosto passado; retirada de vazamentos (foram mais de 59 mil pontos identificados até setembro) e escavação de poços em equipamentos públicos.

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