Instalado no hospital em 2011, o Banco de Olhos tem contribuído para a redução do tempo de espera por operações
Fonte:DN/Regional
por Marcelino Júnior - Colaborador
Sobral. Alcançada neste mês de dezembro, a marca de 300 pacientes transplantados neste Município, no Norte do Estado, pela equipe do Banco de Olhos da Santa Casa de Misericórdia, é a soma dos procedimentos oferecidos à população, desde o ano de 2011, quando o setor passou a atender.
Neste ano, 71 pessoas voltaram a enxergar, por meio da cirurgia, que mantém na fila de espera, atualmente, apenas com quatro pacientes, estando o mais antigo deles a cerca de 15 dias de expectativa pela operação, como explica o responsável pelo Banco de Olhos da região, Ribamar Fernandes.
"Nossa fila é praticamente zero. Mas também contamos com apoio do serviço oferecido pelo Estado, por meio do Banco de Olhos de Fortaleza, no Hospital Geral (HGF) e o Banco de Olhos do Ceará, que impactaram positivamente na redução das filas", afirma o oftalmologista.
Espera
Antes dessa estrutura, considerada referência, a média de pacientes era de 60, para uma espera de até oito meses, por um órgão, na região Norte. "O tempo de fila tem sido bem reduzido com, no máximo, quinze dias, assim como ocorre em todo o Estado, que mantinha cerca de 800 pacientes, pelo mesmo tempo de espera, ou seja, mais de seis meses. O perfil da maioria dos nossos pacientes é de pessoas de idade avançada, que nos chegam com alguma degeneração na córnea, ou por problemas após a cirurgia de catarata, quando a córnea se estraga por causa da idade do paciente; infecções graves ou traumas causados por acidente também fazem parte desse perfil", explica o médico.
Sentado à frente do oftalmologista, o paciente Lohan Fontenele Brito, 12, tem o olho esquerdo examinado minuciosamente por uma lâmpada de fenda, aparelho que possui um potente microscópio, capaz de aumentar em até 40 vezes o tamanho da área a ser investigada pelo médico: nesse caso, a córnea do menino, que sofreu uma perfuração na parte periférica, atingiu também o centro do órgão, causando um constante vazamento.
O trauma trouxe uma perda de 95% da visão, indicando que a córnea deve ser substituída por meio de transplante, com o objetivo de salvar o olho do menino e recuperar sua vista.
Realizados os exames, e constatado o problema. Agora, Lohan passa ser mais um paciente na fila de espera por um órgão saudável. A ação do médico é acompanhada de perto pelos pais de Lohan, que assistem, por meio de um sistema de vídeo, todo o exame, com ampla visualização do olho ferido. O objetivo é explicar didaticamente toda a situação, e como ela pode ser revertida com a cirurgia.
A família, moradora de Carnaubal, a cerca de 140 quilômetros de Sobral, tenta manter a calma, pela situação, mas não esconde a expectativa pela cirurgia, que, neste caso, exige urgência. Segundo Cleiton Brito de Oliveira, pai de Lohan, após o acidente que perfurou o olho do filho, atingido há oito dias pelo talo de uma fruta atirada durante uma brincadeira com um amigo, no sítio da família, todos os procedimentos necessários foram realizados.
"Depois dos exames com o oftalmologista, que deu a certeza da operação, ficamos um pouco apreensivos, mas acreditamos que tudo vai dar certo, em breve. Sabemos que ele está em boas mãos, dependendo apenas do doador", disse o pai do paciente.
Filas no Ceará
O Ceará zerou a fila de espera de transplantes de córnea em 2016, depois de 34 anos realizando esse procedimento, iniciado em 1982. "Fila zero" de córnea é uma meta estabelecida pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), e indica a situação em que o paciente que precisa de um transplante não necessita esperar pelo tecido porque ele já está disponível para a cirurgia.
A informação é da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), que contabiliza, até o dia 14 de dezembro, 903 transplantes de córnea realizados no Ceará neste ano. Além destes, outros 523 transplantes de órgãos e tecidos ocorreram no Estado, totalizando 1.426. As informações são da Assessoria de Imprensa da Sesa.
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