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quarta-feira, 8 de novembro de 2017

ESTADO DO CEARÁ FEZ O PRIMEIRO TRANSPLANTE CARDÍACO EM 1993.

O procedimento pioneiro foi realizado no Hospital Antônio Prudente em fevereiro de 1993

Fonte:DN/Cidade/Fala Camocim blog

O professor da Universidade Federal do Ceará e cirurgião cardiovascular, Glauco Lobo, foi o médico responsável pelo procedimento ( Foto: Agência Diário )
O jornal Diário do Nordeste publicou matéria em fevereiro de 1993 sobre o primeiro transplante cardíaco realizado no Estado
O Ceará continua como referência em transplantes de coração no Brasil. Segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o Estado é o terceiro colocado no ranking realizado em 2016, por milhão de população, nesse tipo de procedimento cirúrgico, ficando atrás apenas do Distrito Federal e de Pernambuco. Os números continuam aumentando positivamente. Só em 2017, já foram realizados na rede pública cearense 26 transplantes.
Esse processo se iniciou em 1993, no Hospital Antônio Prudente, em Fortaleza, com um procedimento coordenado pelo cirurgião cardiovascular Glauco Lobo através do programa Nordeste Transplante, quando um paciente de Pernambuco foi protagonista de um dos momentos mais importantes da Medicina do Ceará. João Batista Oliveira, primeiro transplantado no Estado, após uma crise aguda de rejeição que resultou em uma arritmia, acabou falecendo 90 dias depois. Apesar disso, a cirurgia foi um marco e essencial para o desenvolvimento desse tipo de operação no Estado.

Glauco Lobo, cirurgião cardíaco e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) passou quatro anos de sua vida se preparando com estágios em Washington e Paris (onde fez sua residência) para criar a estrutura necessária para realizar o Primeiro Transplante Cardíaco do Estado do Ceará. O médico conta que, como tudo que é feito pela primeira vez, foi um período tenso devido à grande expectativa. "Após a coleta do órgão do doador, a equipe cirúrgica dispõe de quatro horas para realizar o transplante cardíaco, já que o miocárdio morre se passar disso", explica.
No mesmo ano, em 12 de maio, aconteceu o segundo transplante no Estado, também realizado no Hospital Antônio Prudente. Desta vez, o paciente era um cearense. O taxista Afonso Celso, depois da cirurgia, sobreviveu quase 10 anos. "Tínhamos dois ou três pacientes na fila de espera, estando um deles em estado terminal. E ficou aquela dúvida, se operávamos esse ou outro em condição menos crítica. A opinião da equipe foi que operando o paciente menos grave as chances do segundo transplante ter um bom resultado seriam maiores. No último instante resolvi operar o paciente que estava morrendo já que ele não tinha como esperar. E o resultado da biópsia emocionou a todos pois revelou que não havia quase nenhuma rejeição! Isso só existe em doador idêntico, caso o doador fosse um irmão gêmeo univitelino; fora dessa situação, é raríssimo acontecer".
Glauco Lobo finaliza afirmando que essa e tantas outras portas que abriu aqui no Ceará "como na cirurgia da valva mitral e na cirurgia de coronárias foi também para que jovens cirurgiões e jovens equipes se estimulassem a começar e dar continuidade". O cirurgião ressalta que quanto mais equipes passam a realizar determinado procedimento gera uma perspectiva maior de transparência favorecendo a otimização dos resultados.
Após esses procedimentos, o Ceará só voltou a realizar um novo transplante em 18 de outubro de 1997, coordenado pelos médicos Juan Mejia e João Davi. Durante dois anos eles fizeram os transplantes de pacientes do Hospital de Messejana Doutor Carlos Alberto Studart Gomes (HM) no Hospital Antônio Prudente, que já tinha uma estrutura adequada para a realização das intervenções.
Depois desse período, dia 4 de janeiro de 1999, foi realizado o primeiro transplante de coração no Hospital de Messejana. O paciente, Antônio Pereira de Moura, tinha 37 anos e era portador de miocardiopatia isquêmica. Ele foi o primeiro transplantado dentro do Hospital de Messejana e também o primeiro retransplantado. A marca de 20 anos do primeiro procedimento realizado pelo HM é contestada pelo médico Glauco Lobo. Ele argumenta que, apesar dos pacientes serem de lá, a cirurgia foi realizada no Hospital Antônio Prudente. "A primeira cirurgia do Hospital de Messejana, de fato, foi realizada em 1999. Logo, os 20 anos de comemoração deveriam ser realizados em 2019", argumenta.
A assessoria de imprensa do HM explica que os médicos João David de Souza Neto e Juan Mejia iniciaram a realização de transplantes em 1997. "Eles já eram médicos daqui do HM e fizeram transplante cardíaco em um paciente daqui. Só que eles levaram esse paciente para o Hospital Antônio Prudente. E assim foi feito durante dois anos. Em 1999, eles (João David e Juan Mehia) implantaram o Programa de Transplantes Cardíacos no Hospital de Messejana".
Messejana
Atualmente, o Hospital de Messejana é reconhecido como uma das maiores instituições transplantadoras do Brasil. Desde 2001, com o avanço dos procedimentos e as novas tecnologias implantadas, profissionais de várias regiões do País tem realizado treinamento em transplantes e assistência circulatória mecânica. Há dois anos, o HM foi escolhido pelo Ministério da Saúde como Centro Tutor, finalizando este ano a Tutoria para cinco hospitais brasileiros. A mesma equipe se destaca por apresentar suas experiências fora do País, a exemplo dos simpósios realizados na Flórida, Estados Unidos.
"Os pacientes não precisaram mais se deslocar para São Paulo, onde buscavam tratamento. De oito transplantes realizados em 1999, passamos rapidamente para dezenove em 2003; 24 em 2004; 31 em 2008, seguindo em crescimento até hoje com quase 400 transplantes realizados em vinte anos", comemora o chefe da Unidade de Transplante, Insuficiência Cardíaca e Assistência Circulatória Mecânica do HM, João David de Souza Neto.

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