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quinta-feira, 5 de outubro de 2017
FAMÍLIA CEARENSE TRANSFORMA MOTO EM MÁQUINA AGRÍCOLA EM CANINDÉ-CE.
"Eu tava vendo que ia perder as plantas lá, que eu já tinha perdido umas laranjeiras, goiabeiras, umas coisas assim, mangueira. Aí fui e disse: rapaz, 'vamo' ver se nós cavamos um poço. Só que deu errado... tá bom, né", diz o patriarca encerrando a entrevista, quando fica emocionado. Antes de lembrar os poços, o agricultor, mestre de obras e motorista conseguiu contar sobre a trajetória desde a chegada no assentamento, em meados de 1996.
Ele fala de quando, anos atrás, teve prejuízo de cerca de R$ 50 mil com um veículo comprado para transportar alunos. "Trabalhava carregando os alunos, mas infelizmente o pior foi isso aí. A gente trabalhava na intenção de receber, e eles enganavam a gente. Uma pessoa de família, que entra num negócio desses. Só dá se for pra classe deles lá, que vive da política, que na política tem para ‘tudo enquanto’, né. Onde é essa justiça que ainda existe, que eu não conheço? Os que colocaram na Justiça, hoje não receberam nada. Não vale a pena, deixa lá, porque eles não pagam porque não querem pagar, porque o recurso tem", disse.
Mesmo naquela época de falta de pagamento e trabalho no roçado - o qual nunca largou-, encontrava tempo para trabalhar de graça na construção da capela de Santo Expedito, dentro do assentamento. "Nós estamos amurando agora, devagarzinho. Eu faço parte da religião, mas não sou fanático. Eu vou à missa e tudo mais, não sou contra quem vai, e digo que o bom é a gente ter Deus, nosso superior".
Antes de 2009, a comunidade chegava a produzir três mil sacas de milho, por exemplo, conforme Aloísio. Em seu roçado, conseguia uma média anual de 120 sacas, quantidade que diminuiu gradativamente com a seca. A produção de milho da comunidade inteira despencou para 300 sacas, com algumas famílias sequer conseguindo debulhar o milho. "E aqueles que não usaram o trator não produzem é nada, plantaram muito, mas a terra ficou muito ácida, dura, porque a água parece que não penetrava. Eu mesmo cheguei a produzir ano passado, se eu não me engano, 26 sacas de milho. Esse ano, não bati todas, porque ‘tava’ tirando para dar aos animais a espiga, com palha. Acho que esse dá umas 20 sacas”.
Expectativa
"Aí eles inventaram de fazer essa engenhoca aí, parece que tá dando certo", aponta Aloísio quando observa os filhos, durante a demonstração da ''motocultivadora''. "A gente não tinha condição de ir para oficina, a gente mesmo que montou uma oficina. Comprou chave, equipamentos, e a gente foi fazendo aos poucos. Desenvolvemos uma artimanha da mecânica do carro, das máquinas", explica Tiago.
Com a ''motocultivadora'', além da economia de combustível, a dupla de irmãos comemora vantagens de tempo e dinheiro com serviços extras. A limpeza de um terreno exigia da família a contratação de duas pessoas, com diárias de R$ 50 cada - uma atividade que poderia durar dois dias. "E não dava a produção que a moto dá para limpar o chão e afofar aterra. (A máquina) fez em 20 minutos, não gastamos nem R$ 3. Não precisa ficar correndo atrás de gente, porque é difícil essa mão de obra boa ter tempo", frisa o inventor.
Com um advogado amigo da família, Tiago já iniciou alguns processos para patentear sua máquina, que já lhe rendeu mais tempo para voltar aos estudos. “O pessoal aqui ficou um pouco surpreso, porque é uma inovação. O pessoal só crê no que vê, mas acho a partir do próximo ano vão surgir algumas encomendas”, comenta. Com Cleiton, ele estima que uma nova motocultivadora seja produzido em até 30 dias.
AMANDA ARAÚJO
Clique na imagem para abrir a galeria Máquina agrícola inventada por família em Canindé FONTE:O POVO ONLINE/FALA CAMOCIM
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