Estudante nascida em Campos, RJ, já visitou a agência espacial e agora ganhou bolsa para a Jornada Internacional de Ciência e Tecnologia, nos EUA.
Por Juliana Scarini, G1, Região Serrana
Mylena Peixoto, em Washigton (EUA), na sua primeira viagem à Nasa, em 2016 (Foto: Arquivo Pessoal/Mylena Peixoto)
Aos 17 anos, a jovem Mylena Peixoto sonha em ser astronauta e é uma das brasileiras prestes a embarcar com destino à Nasa, a maior agência espacial do mundo, onde irá participar de um programa educacional de caráter científico. Nascida em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, e atualmente estudando em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, Mylena fez a prova e passou no processo seletivo no dia 13 de agosto.
Esta não é a primeira vez que adolescente vai à sede da agência onde, um dia, pretende trabalhar. No ano passado, esteve na Nasa e participou de reuniões, estudos e fez um curso de análise de imagem de radiotelescópio, junto com outros nove jovens brasileiros. A conquista aconteceu após concluir uma pesquisa que encontrou cinco novos asteroides, com 15 anos.
Mylena Peixoto sonha em trabalhar na Nasa, nos EUA (Foto: Arquivo Pessoal/Mylena Peixoto)
Mylena é a única aluna que ganhou bolsa com todas as despesas de alimentação e estadia custeadas pela Nasa. Todo o processo seletivo da Nasa envolve sigilo e a agência não divulga o número de selecionados e a data da viagem para a Jornada Internacional de Ciência e Tecnologia, que permite que os alunos aprendam e entendam a exploração espacial, com aulas de iniciação à engenharia, robótica e outras disciplinas.
"Poder representar o Brasil é algo muito gratificante, é emocionante. É um sonho que está me tornando cada vez mais próxima de uma agência (Nasa) que eu tenho certeza que, no futuro, eu vou trabalhar", disse Mylena Peixoto.
Mylena conheceu o ônibus espacial em 2016 (Foto: Arquivo Pessoal/Mylena Peixoto)
Para a estudante, a jornada na Nasa pode ajudá-la a conseguir uma bolsa de estudos em uma universidade americana.
"A pergunta que fica, pra mim, é: será que esse meu certificado, do meu curso, assinado por um dos diretores da Nasa, vai me tornar mais próxima de uma bolsa em uma universidade americana? Acho que não é uma realização só minha, mas de muita gente que está sonhando comigo", comentou ela, lembrando que gostaria de cursar engenharia espacial na Flórida.
Outro foco da adolescente, caso não consiga a tão sonhada bolsa de estudos no exterior, é ingressar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Mylena irá prestar vestibular para o ITA pela primeira vez.
"Em ambos os projetos o curso seria de engenharia aeroespacial, e as duas oportunidades seriam surreais e imprescindíveis para o ingresso na Nasa", explicou.
Da 'Caça aos Asteroides' à Nasa
Tudo começou com 2015, quando aos 15 anos, Mylena Peixoto entrou para o Clube de Astronomia Louis Cruls, em Campos dos Goytacazes. Lá, a estudante participou do projeto "Caça aos Asteroides".
"Ficamos um mês fazendo pesquisas através de um software que enviava imagens de um telescópio instalado no Havaí que capitava as imagens e nós fazíamos a análise. Eu analisava as imagens e enviava relatórios em inglês para o meu professor, que enviava esse material para os EUA. Depois de cinco meses veio o resultado de cinco novos asteroides. A partir disso eu me vi apaixonada pela área de astronomia e decidi que era isso que eu queria para a minha vida: a ciência", contou.
Estudante se apaixonou pela astronomia após projeto de caça aos asteroides (Foto: Arquivo Pessoal/Mylena Peixoto)
Logo após esse projeto, a adolescente foi selecionada para a sua primeira viagem à Nasa que aconteceu no ano passado. Através de patrocícios, conseguiu custear a viagem. "Foi sensacional. Foi uma experiência que marcou a minha vida toda e que eu sabia que era o início de uma longa jornada", afirmou Mylena.
Talento e facilidade de aprendizado
Desde a infância, a facilidade de apredizado de Mylena chamou a atenção dos pais e dos professores. Ela conta que sempre estudou em escolas públicas e a única institutição particular que já estudou fica em Nova Friburgo, após ganhar uma bolsa em um curso preparatório de vestibular.
"Na escola municipal em que eu estudava, em Campos dos Goytacazes, os professores começaram a notar meu comportamento e perceber que eu tinha um aprendizado avançado. Aos seis anos eu aprendi a ler e escrever sozinha, eu me auto-alfabetizei e passei para a 1ª série. A partir daí comecei a me destacar, ganhei vários concursos", relembrou.
Mylena sempre estudou em escolas públicas e se destacava pela facilidade de aprendizado (Foto: Revista Rotary Brasil)
Aos 10 anos, venceu o Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro (Saerj) e a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), além de concursos de redação.
"Em 2014, quando eu tinha de 13 para 14 anos, eu comecei a prestar provas para escolas técnicas e passei para a Escola Técnica Estadual (ETE) João Barcelos Martins, unidade da Faetec em Campos", disse Mylena.
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