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sexta-feira, 19 de maio de 2017

SINTOMA DE CHIKUNGUNYA EM BEBÊ É SIMILAR A QUEIMADURA DE 1º- E 2º- GRAUS.


Bolhas similares às de queimaduras de 1º e 2º grau são sintomas de

 chikungunya em crianças, especialmente em recém-nascidos.


Bolhas em bebês são causadas pela chikungunya (Foto: Reprodução/TV Globo)
Bolhas similares às de queimaduras de 1º e 2º graus, bem como dor de cabeça, ao redor dos olhos (retro-orbitária), mialgias e artralgias (dor muscular e dor articular) que se manifestam por choro persistente, fraqueza e irritabilidade - geralmente com ausência de manifestações respiratórias - são sintomas de chikungunya em crianças, especialmente em recém-nascidos.
Os sintomas, que podem ser confundidos com outros quadros infecciosos febris, próprios da faixa etária, podem resultar em quadros mais graves se não houver diagnóstico imediato. Os especialistas alertam que é preciso ficar atento à febre alta e irritabilidade. Nos bebês, o agravamento, em geral, é súbito, diferente do que ocorre nos adultos, quando os sinais de alarme são facilmente detectados.
“Nos bebês também é observado maior ocorrência de comprometimento neurológico devido a infecção, tais como meningoencefalites e convulsões, além de comprometimento cardíaco” explica o pediatra infectologista José Nivon da Silva, dos hospitais Albert Sabin e São José, de Fortaleza.
As infecções, segundo ele, decorrem pelo rompimento das bolhas que, ao liberar o líquido que se forma dentro das vesículas, provoca desidratação e deixa a região desnuda e vulnerável a infecções. “Nas crianças pequenas esse quadro pode progredir para uma sepse bacteriana que, se não tratada adequadamente, inclusive com antibióticos, pode resultar em morte. Apesar de viral, a chikungunya em bebês requer a utilização de antibióticos e esse tratamento, muitas vezes, precisa ser feito em uma Unidade de Tratamento Intensiva (UTI), em virtude da intensidade dos sintomas”, explica o pediatra.
Principal unidade de saúde especializada no atendimento a crianças do Ceará, o Hospital Infantil Albert Sabin, em Fortaleza, atende cerca de 90 crianças a cada dia com sintomas de chikungunya. Diferentemente do que mostra o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado – que confirmou apenas 213 casos em crianças de até quatro anos – os casos registrados no Albert Sabin apontam para um número bem superior. No Ceará, os registros de chikungunya - em todas as faixas etárias – passaram de 4.294 possíveis casos, em 2016, para 17.012 em 2017.
“Estamos vivendo uma epidemia de chikungunya no Ceará”, afirma, categórico, o médico José Nivon. Além de recém-nascidos e crianças menores de dois anos e idosos, cardiopatas, pessoas com Síndrome de Down, com doenças pulmonares, além de portadores do vírus Hiv/Aids acometidos de chikungunya apresentam sintomas três vezes mais intensos.
“Quando adquirida por bebês, pacientes com mais de 65 anos ou por pessoas com doenças de origem cardíaca, pulmonar ou neurológica, a febre chikungunya costuma ter uma evolução mais agressiva, podendo, inclusive, levar esses pacientes ao óbito”. Em 2017, sete pessoas morreram em decorrência da doença no estado.

Chikungunya

O termo chikungunya vem de um dialeto da Tanzânia, na África, e significa algo como “aquele que se dobra”. O termo surgiu pelo fato de os pacientes acometidos pela doença terem intensas dores articulares, que fazem com que fique com o tronco sempre arqueado. Ao contrário do que acontece com a dengue, não existe uma forma hemorrágica da doença e é raro surgirem complicações graves, embora a artrite possa continuar ativa por muito tempo.
Transmitida pelos mosquitos aedes aegypti e aedes albopictus, em adultos a chikungunya apresenta sintomas como febre de início súbito maior de 38,5°C; dores intensas e inchaços nas articulações com início agudo, sem outra causa definida e lesões na pele. Dor de cabeça, dor muscular, cansaço, diarreia, vômitos, conjuntivite, dor de garganta e dor abdominal também são sintomas comuns na fase inicial da doença, segundo especialistas.
O período de incubação da chikungunya no ser humano pode ser de até duas semanas, mas, na maioria dos casos, a doença surge entre três a sete após a pessoa ter sido picada pelo mosquito aedes aegypti ou eedes albopictus. Cerca de 80% dos pacientes contaminados desenvolvem os sintomas da doença, segundo estudos.
A fase aguda da febre chikungunya começa com uma febre alta de início súbito, geralmente em torno de 40ºC, associada a mal-estar e dor em várias articulações. As dores articulares costumam surgir nas primeiras 48 horas e acometem cerca de 90% dos pacientes com chikungunya. As dores surgem no corpo inteiro, mas os locais mais afetados costumam ser as mãos, punhos, pés e tornozelos. Intensa dor lombar também é comum.
O paciente pode ter dor em mais de 10 grupos articulares ao mesmo tempo, o que o deixa incapacidade para a realização de atividades simples e corriqueiras, como pentear os cabelos e levar um alimento à boca. Esse é o sintoma mais característico da enfermidade: dor forte nas articulações, tão forte que chega a impedir os movimentos e pode perdurar por meses depois que a febre vai embora.
A fase aguda dura de três a sete dias, quando os sintomas começam a desaparecer. Mas, segundo especialistas, em cerca de 80% dos casos o paciente entra em uma fase chamada subaguda, que se caracteriza pela continuidade ou até aumento das dores articulares. Apesar de não ter mais febre, a pessoa pode permanecer semanas com poliartralgia. Se as dores articulares durarem mais de três meses, o paciente entrou na fase crônica da doença, que pode durar por até três anos.

Exames

Existem atualmente dois exames específicos que confirmam a suspeita de chikungunya. São eles a sorologia convencional e o PCR, que identifica o material genético do vírus. Estes exames não estão disponíveis em todos os prontos-socorros do Sistema Único de Saúde (SUS) e para demais hospitais não são cobertos pelo convênio para o atendimento em Pronto Socorro, apenas sob internação do paciente ou particular.

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