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quinta-feira, 16 de março de 2017

DECORADOR É SUSPEITO DE ENGANAR 80 NOIVAS NO CEARÁ.

O prejuízo estimado dos clientes é de R$ 300 mil, já que os contratos assinados variavam entre R$ 800 e R$ 18 mil

Fonte:DN/Cidade

Na tarde de ontem, cerca de 30 pessoas registraram Boletim de Ocorrência na Delegacia de Defraudações e Falsificações (DFF) ( Foto: Reinaldo Jorge )
Prestes a concretizar o sonho de subir ao altar com o noivo Hiury Saraiva, a consultora de vendas Amanda Bitu, 29, foi surpreendida com a notícia de que o decorador da cerimônia, Flávio Sampaio, não mais poderia prestar o serviço em virtude de problemas financeiros e uma crise de depressão. Na manhã de ontem, a advogada do profissional, Karla Borges, comunicou por meio de ligação telefônica o cancelamento do serviço quitado desde setembro de 2015 no valor contratual de R$1.400.00
Esse fato fez com que outras noivas fossem alertadas sobre o transtorno. Cerca de 30 pessoas registraram Boletim de Ocorrência na Delegacia de Defraudações e Falsificações (DFF). A Polícia estima que o prejuízo dos clientes chegue a um montante de R$ 300 mil, já que os contratos assinados variam entre R$ 800 e R$ 18 mil. Informações das vítimas dão conta de que pelo menos outros 70 casais foram prejudicados.

A repercussão negativa fez com que o próprio decorador publicasse um comunicado tentando justificar o cancelamento dos contratos. "Informo que em nenhum momento tive a intenção de prejudicar vocês, mas a crise do país e problemas financeiros acabaram tornando o contrato oneroso demais para nós. Já estou, em breve, protocolando pedido de falência judicial", diz um trecho da mensagem enviada a grupo de noivas em aplicativo de mensagens instantâneas. Algumas vítimas relataram à reportagem que nos últimos trinta dias circulavam boatos de que o profissional estaria falindo.
No entanto, a informação havia sido negada pelo próprio decorador. À época, a farmacêutica Gisele Farias, 31, lembra que ele rapidamente se pronunciou na tentativa de tranquilizar as noivas. "Ele chegou a pedir para que nós não nos preocupássemos, sempre dizendo que ia dar tudo certo. Hoje, eu me sinto enganada, e acho que todas as noivas também, além do sentimento de revolta". A cliente pagou um serviço de R$ 2.000 que contempla somente a decoração da Igreja.
Sonho
Emocionada, a estudante de Pedagogia Camila Melo, 26, não conteve as lágrimas ao falar do transtorno. O investimento de R$ 4.000 havia sido reservado para a decoração da cerimônia e da recepção do buffet, valor que, segundo ela, foi pago com muito esforço. "Quando eu quitei o contrato eu disse ao meu noivo que aquele era o dia mais feliz da minha vida porque foi muito sofrido pra gente pagar", relata.
O casamento do advogado Carlos Diego, 31 e da noiva, Lívia Costa, marcado para o próximo dia 25, na Capela Santa Terezinha, em Fortaleza, também está comprometido diante do impasse. Sem saber ainda a quem recorrer para a realização do serviço, ele embarga a voz ao falar do problema. "Nós estamos com um sentimento de impotência de não saber como arranjar um profissional em tão pouco tempo para fazer a decoração".
Procedimento
Dois inquéritos policiais já foram instaurados para apurar o caso. Conforme o titular da DFF, delegado Jaime Paula Pessoa Linhares, apesar do suspeito alegar falência, as vítimas relataram que o decorador continuava a assinar novos contratos e pedia antecipação do pagamento. Para o delegado essa prática demonstra que ele já tinha "pretensão de encerrar as atividades". Contudo, somente as investigações podem apontar a verdadeira causa do cancelamento.
Pelas informações já apuradas, o decorador pode responder pelo crime de estelionato, "obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. "Se ele não tinha condições para prestar esse serviço e continuou a fazê-lo, a sua intenção pode ser questionada", explica Jaime Pessoa.
Até amanhã, Flávio Sampaio deve ser notificado para prestar esclarecimentos na sede da Delegacia. Caso o decorador não compareça, o delegado pode pedir a prisão preventiva dele.
Investigação
"Se ele não tinha condições para prestar esse serviço e continuou a fazê-lo, a sua intenção pode ser questionada"
Jaime Paula Pessoa Linhares
Titular da Delegacia de Defraudações

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(Colaborou Felipe Mesquita)

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