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domingo, 17 de setembro de 2017

SEM TERREMOTOS DESORDEM NO ATLÂNTICO SUL AFETA O CEARÁ.

O aquecimento global atinge o oceano abaixo do Equador, impactando com seca, erosão e ameaça à vida marinha

Fonte:DN/Regional

A erosão costeira atinge vários trechos do litoral cearense, mas a situação ficou dramática em Icaraí, Pecém e agora a degradação avança para Paraipaba
 por Marcus Peixoto - Repórter
Fortaleza. Com a população concentrada na região litorânea, o Brasil já chegou a ser chamado de "Chile do Atlântico", tal como é estreito e comprido aquele país ao longo do Pacífico. Esse é apenas um dos fenômenos que a comunidade científica estima agravar-se nos próximos anos, aliado com a extinção de espécies marinhas e a erosão costeira, com a intensidade das ondas.
Isso se dá porque a desordem que acontece no oceano (acima da linha do Equador, com os terremotos e ciclones) tem efeito diferente nas latitudes abaixo, mas como a mesma origem: consequência do aquecimento global e a mudança do clima.
Mais chuvas
Um "Chile sem furacões" deverá ser mais acentuado, até mesmo pelos estudos mantidos pela Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), que constata que atualmente chove mais na área litorânea do que nos anos de 1990, a despeito do fato do último ciclo de seca, que teve a duração de cinco anos.
Essa adaptação aos lugares onde chove mais é uma das saídas para que o Planeta ganhe uma sobrevida, conforme observa o professor aposentado e doutor em Meteorologia e Oceanografia Física da Universidade de São Paulo (USP) e professor visitante do Labomar, mantido pela Universidade Federla do Ceará (UFC), Edmo Campos. "A conclusão que temos chegado é que o oceano vem-se alterando como resultado do aumento da temperatura do Planeta, decorrente do aumento do dióxido de carbono. Isso é fato", diz Edmo.

Impactos
Segundo o professor, há de se levar em consideração que a mudança do clima pode também está alterando a forma como os furacões aparecem e como podem ser de maior ou menor intensidade. Existem outros processos que podem afetar a costa brasileira mais prontamente. "Nós temos um padrão de circulação que traz tudo que acontece no Atlântico Sul eventualmente para o Litoral brasileiro. Se houver qualquer processo de perturbação no processo de circulação do Atlântico Sul, eventualmente essas operações vão gerar mudanças no litoral brasileiro e aí essas alterações podem ocorrer na forma de maior ou menor precipitação, maior ou menor atividade de ondas, resultando em maior ou menor atividade de erosão costeira", salienta.
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No passado, a ameaça provinha dos pescadores artesanais. Agora é a falta de alimento, atingindo principalmente algas e corais no Litoral Oeste do Estado
Sobrevida
Para os cientistas, já existem sinais de que esses impactos estão acontecendo e são muito mais importantes do ponto de vista regional do que acontece com os furacões, como observa a diretora do Labomar, Maria Ozilea Bezerra Menezes.
"Podemos dizer que há uma grande probabilidade que esses fenômenos atmosféricos que a gente observa com a mudança do clima na Região Nordeste, e no Brasil de uma forma geral, estejam relacionados. São consequências do que está acontecendo tanto nos oceanos Pacífico quanto no Atlântico", afirma.
Edmo vai mais além: Alterações no Atlântico Sul, região subtropical, 40 graus de latitude Sul, estão modificando a forma de como o calor está sendo transportado pelas correntes e isso afeta o litoral do Nordeste.
Com 575Km de litoral, o Ceará é o Estado mais afetado pelo ciclo de seca, e passou a ter 150 municípios pertencentes ao Semiárido, ocupando uma área de 126.514,9 Km², o que representa 86,8% da sua área total, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), com uma pequena faixa litorânea livre da seca severa e para onde a população se move. A aproximação com o mar gera outro perigo, que é a erosão, mas a atual adaptação garante a sobrevida.
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O ciclo de secas sofre forte influência das bacias oceânicas, como o Pacífico e o Atlântico. O Semiárido cearense é o mais afetado. Fotos: Kid Júnior  

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