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quarta-feira, 19 de abril de 2017

NÚMERO DE CASOS DE FEBRE CHIKUNGUNYA CRECE 631% EM UM MÊS NO CEARÁ.

Ceará tem confirmados 4.833 casos em 2017. Fortaleza lidera o ranking com 55,4% do total. Uma pessoa morreu na capital cearense.

Por G1 CE



Aedes Aegypti (Foto: Marvin Recinos/AFP)
O Ceará já tem 4.833 casos de chikungunya confirmados em 2017, segundo boletim divulgado nesta quarta-feira (19), pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa). Do total de confirmações 2.678 são moradores de Fortaleza, o que representa 55,4%. Caucaia aparece em segundo lugar com 792 casos, seguido de Baturité, com 345. Uma pessoa morreu.
Em 14 de março, a Secretaria de Saúde havia confirmado 661 casos da doença. Comparando com o número divulgado nesta quarta-feira, em pouco mais de um mês, o número de casos da doença cresceu 631%. A vítima que morreu pela doença este ano é uma mulher de 66 anos do Bairro Álvaro Weyne, de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
A infecção pelo vírus chikungunya provoca sintomas parecidos com os da dengue, porém mais dolorosos. No idioma africano makonde, o nome chikungunya significa "aqueles que se dobram", em referência à postura que os pacientes adotam diante das penosas dores articulares que a doença causa.
Em compensação, comparado com a dengue, o novo vírus mata com menos frequência. Em idosos, quando a infecção é associada a outros problemas de saúde, ela pode até contribuir como causa de morte, porém complicações sérias são raras, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Como as pessoas pegam o vírus?

Por ser transmitido pelo mesmo vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti, e também pelo mosquito Aedes albopictus, a infecção pelo chikungunya segue os mesmos padrões sazonais da dengue. O risco aumenta, portanto, em épocas de calor e chuva, mais propícias à reprodução dos insetos. Eles também picam principalmente durante o dia. A principal diferença de transmissão em relação à dengue é que o Aedes albopictus também pode ser encontrado em áreas rurais, não apenas em cidades.

O chikungunya tem subtipos diferentes, como a dengue?

Diferentemente da dengue, que tem quatro subtipos, o chikungunya é único. Uma vez que a pessoa é infectada e se recupera, ela se torna imune à doença. Quem já pegou dengue não está nem menos nem mais vulnerável ao chikungunya: apesar dos sintomas parecidos e da forma de transmissão similar, tratam-se de vírus diferentes.

Quais são os sintomas?

Entre quatro e oito dias após a picada do mosquito infectado, o paciente apresenta febre repentina acompanhada de dores nas articulações. Outros sintomas, como dor de cabeça, dor muscular, náusea e manchas avermelhadas na pele, fazem com que o quadro seja parecido com o da dengue. A principal diferença são as intensas dores articulares.
Em média, os sintomas duram entre 10 e 15 dias, desaparecendo em seguida. Em alguns casos, porém, as dores articulares podem permanecer por meses e até anos. De acordo com a OMS, complicações graves são incomuns. Em casos mais raros, há relatos de complicações cardíacas e neurológicas, principalmente em pacientes idosos. Com frequência, os sintomas são tão brandos que a infecção não chega a ser identificada, ou é erroneamente diagnosticada como dengue.
Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, é importante observar que o chikungunya é "muito menos severo que a dengue, em termos de produzir casos graves e hospitalização".

Tem tratamento?

Não há um tratamento capaz de curar a infecção, nem vacinas voltadas para preveni-la. O tratamento é paliativo, com uso de antipiréticos e analgésicos para aliviar os sintomas. Se as dores articulares permanecerem por muito tempo e forem dolorosas demais, uma opção terapêutica é o uso de corticoides.
Apesar de haver poucos riscos de formas hemorrágicas da infecção por chikungunya, recomenda-se evitar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina) nos primeiros dias de sintomas, antes da obtenção do diagnóstico definitivo.

Como se prevenir?

Sobre a prevenção, valem as mesmas regras aplicadas à dengue: ela é feita por meio do controle dos mosquitos que transmitem o vírus.
Portanto, evitar água parada, que os insetos usam para se reproduzir, é a principal medida. Em casos específicos de surtos, o uso de inseticidas e telas protetoras nas janelas das casas também pode ser aconselhado.

Quando surgiu o vírus?

O vírus chikungunya foi identificado pela primeira vez entre 1952 e 1953, durante uma epidemia na Tanzânia. Mas casos parecidos com essa infecção – com febres e dores nas articulações – já haviam sido relatados em 1770.
Na Ásia, a doença foi detectada pela primeira vez em 1960, durante um surto na Tailândia, e durante as décadas de 1960 e 1970, na Índia. Em 2007, foram identificados os primeiros casos de transmissão na Europa, no norte da Itália. Em dezembro de 2013, o vírus finalmente chegou à América, quando casos foram identificados na ilha de São Martinho (ou Saint-Martin), nas Antilhas. Atualmente, existe um surto da doença em vários países do Caribe.

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